Do inglês, o significado literal do termo “storytelling” é narrativa, ou seja, o ato de contar ou escrever histórias. E quem é que não gosta de uma boa história? Desde os grandes escritores e roteiristas até aquela vizinha que precisa te contar sobre a filha de uma conhecida, boas histórias nos prendem, nos ensinam e nos emocionam. 

Como muito bem colocado por Fernanda Zerbini em sua palestra no TEDxIndaiatuba, “Por que a gente gosta de contar nossas histórias, de ouvir histórias, de ler histórias, de assistir histórias? Porque somos histórias. E o storytelling é um slow motion num mundo de velocidade. 

E é justamente por isso que, mesmo numa época em que a informação é tão acessível e veloz, os streamings ainda prosperam e as pessoas ainda passam horas maratonando séries e filmes. Nunca se produziu e consumiu tanto conteúdo como hoje. 

Saber contar histórias é um dom. E dentro da comunicação, seja no jornalismo, na publicidade, relações públicas, literatura ou cinema, saber contar histórias se tornou uma técnica poderosa para obter resultados e, principalmente, conquistar pessoas. 

O storytelling como ferramenta 

É claro que, para contar uma boa história, é necessário saber construir uma narrativa – com personagens, conflitos e ambientação, além de uma sequência de começo, meio e fim. Tudo isso, é claro, carregando uma mensagem ou ideia por trás. 

E quando isso acontece, o storytelling é capaz de prender a atenção de uma audiência, gerar empatia com a marca, produto ou serviço que está por trás, emocionar e marcar positivamente quem está assistindo. 

Hoje, com a internet e as redes sociais, qualquer um pode fazer um anúncio e tentar vender um produto. Além disso, com o recurso do e-commerce e do trabalho remoto, as opções de compra que o consumidor possui são infinitas, o que aumenta a concorrência de qualquer empreendedor. Portanto, uma marca que deseja possuir relevância e passar uma mensagem precisa ir além para conseguir atingir o seu objetivo. 

Neil Gaiman, autor britânico que escreveu a obra “Coraline”, uma vez disse: “Histórias lidas no momento certo jamais te abandonam. Você pode esquecer o autor ou o título. Pode até não lembrar precisamente o que aconteceu. Mas se você se identifica com uma história, ela continua com você para sempre.” 

Exemplos 

Disney Paris 

Em 2018, a Disneyland Paris criou uma campanha publicitária institucional emocionante utilizando a técnica do storytelling. A empresa poderia ter simplesmente criado um anúncio convidando as pessoas a frequentarem seu parque, como tantas outras fazem. No entanto, eles viram a oportunidade de fazer algo diferente, tornando a campanha emocionante e ganhando visibilidade mundial. 

Através da história contada, a agência BETC Paris – que foi quem produziu a campanha – conseguiu dar vida ao slogan “Onde a mágica se torna real” sem que houvesse uma fala sequer durante o filme. 

Fonte: Disneyland Paris, 2018.

Essa campanha contém todos os elementos de uma história cativante. O início introduz o nosso personagem, o ambiente onde ele está e qual será a base da história: o Pato Donald.  

Durante o desenvolvimento, vemos o patinho lendo os quadrinhos e querendo ser como ele, até que chega o grande plot: durante o inverno, o patinho precisa ir embora e acaba não conseguindo levar seu precioso gibi junto. 

Depois disso, ele enfrenta momentos difíceis, caracterizados principalmente pela tempestade – que é uma representação clássica, principalmente no cinema, dos momentos de dificuldade enfrentados por um personagem. 

Quando chegamos o fim da história e finalmente o sol se abre, o patinho pode sair novamente e se depara com o próprio Pato Donald, com o parque da Disney ao fundo. Ou seja, é como se o personagem tivesse saído dos quadrinhos diretamente para a vida do patinho, fazendo uma clara referência ao slogan: “onde a mágica se torna real”. 

Nesse vídeo, é possível perceber que a mensagem não apenas foi passada para o público, mas que ela também foi capaz de emocionar e marcar quem a viu, o que é muito mais poderoso. É muito provável que, daqui semanas ou meses, as pessoas continuem se lembrando dessa história.

The Learning Corp – Constant Therapy 

Mas o storytelling não é usado apenas com emoções positivas. Na verdade, essa técnica também pode ser utilizada para gerar outras sensações, como desconforto e agonia, como na campanha One Word, produzida pela Lightfarm Studios e Area23. 

O objetivo da empresa anunciante, a The Learning Corp, era anunciar seu novo produto: o Constant Therapy – um aplicativo desenvolvido para ajudar pessoas que sofreram lesões cerebrais a recuperar suas funções cognitivas, motoras e vocais. 

Fonte: The Learning Corp.

O objetivo da peça é, justamente, transmitir a sensação da dificuldade que essas pessoas enfrentam ao tentar se recuperar e marcar o público com essa mensagem. 

A sensação de desconforto está presente em todo o filme, o que faz com que a mensagem seja muito bem transmitida, ainda mais quando complementada pela frase “Depois de uma lesão cerebral, até mesmo uma palavra pode parecer impossível. Nós podemos te ajudar com todas elas”. 

Bradesco 

Algumas instituições financeiras também gostam muito de usar o storytelling, justamente para se aproximar do público e tirar aquela sensação de que o banco só se interessa pelo seu dinheiro, cobra altas taxas e tenta se aproveitar de seus clientes.  

O Bradesco é uma delas. Desenvolvida pela agência Publicis e pela Zombie Studios, a sua campanha “#2019FaçaAcontecer” conta uma história emocionante que nada tem a ver com dinheiro, mas é capaz de fazer com que o público tenha a tendência de olhar para a marca com mais empatia. 

Clique aqui para assistir ao vídeo completo.

Posto Ipiranga 

O storytelling também pode usar o recurso do humor, como é o caso do Posto Ipiranga. Seu filme “Se vai perguntar, pergunta lá no Posto Ipiranga” conta a história de um motorista perdido que conta com a ajuda da tecnologia para conseguir encontrar seu caminho. 

O grande plot é que a inteligência artificial do GPS, ao invés de usar seus recursos próprios, prefere pedir ajuda para um vendedor na estrada, que os orienta a seguir até o Posto Ipiranga. A sacada final vem do fato da voz do GPS também interagir com o motorista. 

Com essa estratégia, o posto de gasolina consegue divulgar quais serviços oferece e ainda trazer o humor, que faz com que o receptor da mensagem fique mais suscetível a recebê-la. 

Fonte: Postos Ipiranga.

Influencer – Thalita Meneghim 

E se engana quem pensa que só as agências de publicidade podem utilizar o storytelling em suas campanhas. A influenciadora, escritora, youtuber e atriz Thalita Meneghim usa muito essa técnica em suas “publis” no Instagram, também usando muito a comicidade. 

 

Fonte: @thalitameneghim

Em seus vídeos, justamente pela plataforma ser o Instagram, ela apela para o humor, usa os recursos do aplicativo e consegue captar a essência da marca, trazendo não apenas a mensagem, mas construindo um cenário, roteiro e personagens. Ou seja, uma história. 

Como aplicar? 

Apesar de os exemplos acima envolverem grandes produções, você não precisa de tantos recursos para começar a aplicar técnicas de storytelling na sua comunicação. Só de trazer uma história capaz de gerar algum tipo de emoção ou identificação com o público já traz impacto e torna sua marca mais humanizada e próxima do seu consumidor. 

Sempre tenha em mente que, independentemente do meio, todos estamos sendo expostos a dezenas de publicidades, publicações e vídeos diariamente. E todo esse conteúdo é consumido de forma muito rápida e superficial. É por isso que o storytelling se destaca.  

A técnica pode fazer com que, durante um comercial de televisão, seu consumidor deixe de olhar o celular e preste atenção na sua mensagem. Ou pare de rolar o feed e leia sua publicação até o final, muitas vezes até salvando e compartilhando. Ou passe um pouco mais devagar na frente de um outdoor para conseguir prestar atenção com calma. 

Abaixo temos um exemplo que aplicamos na Move42, nossa parceira e cliente da Supernova Comunicação. O objetivo era trazer um post com um conteúdo inspirador e motivacional, o que se vê muito na internet. Porém, para fazer com que a audiência se sentisse realmente motivada por aquilo, trouxemos uma breve história do autor da frase utilizada. 

Isso faz com que aquela não seja apenas uma frase solta e bonitinha, mas passe, de forma completa, o sentimento de inspiração. 

Storytelling: exemplo da Move42

Storytelling: exemplo da Move42

Perceba que, se nós tivéssemos apenas colocado a frase lá, o impacto não teria sido o mesmo que contar a própria história de superação de seu autor. Isso faz com que deixe de ser apenas uma citação e se torne uma história real, fazendo com que seja mais fácil para o público se identificar, ainda mais quando estamos falando de uma história que envolve altos e baixos. 

No artigo “Zero To Hero: conheça os 5 passos do herói até o sucesso” também é usado o storytelling. Neste caso, porém, o formato foi um pouco diferente justamente porque o objetivo do seu uso era diferente: o autor não queria vender uma ideia ou um produto especificamente, mas facilitar a compreensão da audiência lendo o artigo. Sendo assim, a narrativa se torna um complemento e uma facilitadora. 

Além disso, não foi necessário um vídeo nem um investimento altíssimo. Com as técnicas corretas, um simples post nas redes sociais ou blog se torna uma história. E uma história bem contada, é inesquecível. 

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