É nítido que, nos últimos anos, os consumidores têm se tornado cada vez mais exigentes a respeito das marcas e empresas que consomem. Uma pesquisa de 2019 da Union + Webster, por exemplo, apontou que, na época, 87% dos brasileiros tinha preferência por comprar de empresas sustentáveis, e cerca de 70% estava até disposta a pagar a mais por isso. ¹ 

Esse comportamento reverbera também dentro do mercado financeiro. Investidores, instituições e governos estão cada vez mais atentos as questões não apenas da sustentabilidade, mas também a outras ações de impacto social. 

Em 2015, a ONU (Organização das Nações Unidas) propôs aos países membros um compromisso para os próximos 15 anos, que seria cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS são ações voltadas ao combate à pobreza, à desigualdade de gênero, às mudanças climáticas, incentivo à educação, entre outros. ² 

A organização define o desenvolvimento sustentável como “[…] aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.” 

Esses critérios estão diretamente ligados à proposta do ESG e, com certeza, estão sendo analisados de perto pelos consumidores atuais. 

Afinal, o que é ESG? 

O termo ESG foi cunhado também pela ONU, mas em 2004. Na época, o então secretário-geral publicou um relatório fazendo uma provocação a 50 CEOs de grandes empresas sobre a integração de ações ligadas a fatores ambientais, sociais e de governança. E é dessas três palavras que surge a sigla: Environment (ambiente), Social e Governance. 

Ou seja, quando falamos sobre ESG, estamos falando sobre um conjunto de práticas ligadas a esses três fatores. De acordo com o Pacto Global, que faz parte da ONU, essa é uma nova forma de se referir à sustentabilidade empresarial. ³ 

Em um artigo publicado pelo diretor-executivo da Rede Brasil da instituição na revista Exame, “De maneira muito simplista, o que uma empresa precisa fazer é entender, com suas partes interessadas, quais são seus impactos negativos e positivos na sociedade e agir sobre eles.” ⁴ 

Isso significa, de forma geral, que é esperado que as empresas assumam um papel ativo frente aos principais desafios enfrentados pela humanidade e sobre seu próprio reflexo na sociedade.  

Vamos imaginar a indústria têxtil. Sabe-se que esse segmento tem um grande impacto ambiental, principalmente pelos resíduos que gera e recursos que consome. No processo de confecção, por exemplo, são gastos cerca de 150 litros de água para produzir 1kg de tecido.⁵

Sendo assim, espera-se da empresa desse nicho que ela busque alternativas para amenizar esse prejuízo.  

Já considerando o aspecto social, também se espera que essa empresa invista em ações para trazer maior diversidade ao seu quadro de funcionários, por exemplo, caso exista uma grande disparidade de gênero e/ou raça. 

Motivos para aderir ao ESG 

Apesar disso tudo, talvez você ainda esteja se perguntando por que, para além das exigências dos consumidores, o ESG seria tão importante assim. Então vamos analisar alguns dados relevantes. 

Um relatório da PwC (PricewaterhouseCoopers) apontou que, até 2025, cerca de 57% dos ativos de fundos mútuos europeus estão em fundos que seguem os critérios ESG – o que representa cerca de US$ 8,9 trilhões. Também concluiu que 77% dos investidores analisados não pretendem continuar comprando de empresas não ESG. ³ 

Já uma pesquisa da Morningstar e da Capital Reset indica que fundos ESG brasileiros captaram cerca de R$2,5 bilhões no ano de 2020! ³ 

É notável que os fatores ambientais, sociais e governamentais se tornaram indispensáveis para investidores e stakeholders ao analisarem riscos e tomarem decisões. 

E para além das questões financeiras e de atrair investidores, empresas que contribuem com a sociedade e o meio ambiente agregam valor positivo à marca, se diferenciam dos concorrentes, estão mais preparadas para mudanças na legislação e, ainda, reduzem custos operacionais. 

O que ESG tem a ver com inovação? 

A inovação, como já falamos por aqui, nem sempre tem a ver apenas com criar algo do zero, mas com enxergar determinadas situações sob uma nova perspectiva e lidar com elas de forma diferente. Portanto, quando falamos de ESG, também estamos, de certa forma, falando sobre inovação. 

Outro ponto que relaciona ambos é a cultura. Para que as práticas do ESG sejam efetivas, é necessário que haja uma mudança na cultura da empresa, de forma que as novas ações desenvolvidas se tornem parte da missão, visão e valores, e que isso seja aplicado na prática diariamente. 

De que adianta, por exemplo, criar ações para aumentar a diversidade no quadro de funcionários sem um plano de desenvolvimento de carreira para os novos recrutas? Ou sem elaborar ações que façam com que essas pessoas sejam aceitas e integradas ao ambiente de trabalho?  

Dessa forma, a inovação relacionada ao ESG também está ligada à mudança de comportamento, aos esforços de aplicar essa nova perspectiva em todos os âmbitos possíveis. 

Além disso, para que possamos analisar a evolução das práticas ESG em uma instituição, também é preciso criar métricas para acompanhar esse avanço e como ele está impactando interna e externamente. 

Conclusão 

Em um mundo onde tudo é visto por todos, ignorar as demandas do mercado e da sociedade não é uma boa ideia. E quem ainda não começou a se adequar a elas já está atrasado e correndo o risco de ficar para trás. 

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Referências 

¹ 87% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis por FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), 2019. 

² Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ONU 

³ ESG – Pacto Global 

O ESG é uma preocupação que está tirando seu sono? Calma, nada mudou por Carlos Pereira, 2020. 

INDÚSTRIA TÊXTIL: SUSTENTABILIDADE, IMPACTOS E MINIMIZAÇÃO por Michele Toniollo, Natália Piva Zancan, Caroline Wüst, 2015. 

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