Em nosso primeiro artigo do blog, falamos sobre o mundo BANI e como essa é a definição usada para representar uma realidade frágil, ansiosa, não-linear e incompreensível – que além de serem as principais características do que vivemos atualmente, em especial nesse pós-pandemia, também representam a constante transformação a qual estamos sujeitos. 

E isso se aplica em todos os âmbitos de nossa vida, mas principalmente no profissional. Isso porque o mercado se tornou tão incerto e volátil, que é preciso estar constantemente atualizado para conseguir manter-se relevante. É com base nessa situação que surgiu o termo lifelong learning (LLL). 

O que é Lifelong Learning? 

Em tradução literal, a expressão significa “aprendizado ao longo da vida”, mas também podemos pensar nela como sinônimo de “educação continuada”. Ela representa a necessidade de desenvolvimento constante, ou seja, não basta apenas um diploma de graduação – é preciso ir além. Em um mundo que muda tanto, estar sempre se inovando é essencial para acompanhá-lo. 

Jacques Delours, num relatório para a UNESCO, escreveu: “O conceito de educação ao longo da vida é a chave que abre as portas do século XXI; ele elimina a distinção tradicional entre educação formal inicial e educação permanente.” 

O aprendizado, portanto, se torna um processo sem fim – tanto ligado à absorção de novas ferramentas, estratégias e técnicas, quanto ao desenvolvimento das soft skills. 

De acordo com um artigo publicado na Harvard Business Review ¹, até 2030, mais de 1/3 dos trabalhadores precisarão adaptar seu leque de habilidades e conhecimentos – o que significa que o lifelong learning será essencial para todas essas pessoas no mercado de trabalho. 

Benefícios do Lifelong Learning

Aprender, durante muito tempo, foi visto como algo que só poderia ser feito na escola e durante um período específico da vida. Mas hoje, percebemos como esse conceito não mais se aplica. A verdade é que o conhecimento está em todo o lugar, desde que estejamos sempre abertos a ele. Enquanto estamos vivos, mesmo fora de uma sala de aula, sempre existirá algo para aprender.  

O artigo Lifelong learning: why do we need it? ² aponta os benefícios da educação continuada. Alguns deles são: 

  • Traz benefícios não apenas para a área profissional, mas também para a vida pessoal de um indivíduo, através das ferramentas e conhecimentos aprendidos; 
  • Torna as pessoas mais inovadoras, o que contribui para a criatividade e surgimento de novas descobertas; 
  • Para os trabalhadores, traz a possibilidade de salários e cargos mais altos, e novas oportunidades de emprego. 
  • Permite o desenvolvimento do aprendizado como um hábito – ou seja, estudar torna-se parte da rotina, algo natural. 

O papel da empresa x O papel do profissional 

Mas quando o assunto é lifelong learning, será que a responsabilidade é somente do profissional? Será que apenas o trabalhador deve buscar recursos para se atualizar? 

Para mim, a resposta é não. Essa responsabilidade é compartilhada com a empresa que o emprega. Por quê? Porque também é do interesse do empregador ter um funcionário atualizado, que saiba usar tecnologias ou plataformas específicas.

É do interesse do empregador que aquele colaborador com potencial de se tornar um líder, desenvolva suas soft skills para receber uma promoção. 

Além disso, aqui também percebemos, mais uma vez, a importância do feedback. Pode ser que esse colaborador nem perceba esse potencial que pode ser trabalhado. Ou talvez exista uma habilidade específica que aquele indivíduo precisa se dedicar, mas que não é observada por ele. 

De acordo com um outro artigo³ sobre o assunto que li recentemente, “O papel das empresas que pensam no futuro é oferecer oportunidades através de estratégias de aprendizado corporativo e estimular esse pilar do Lifelong Learning. Assim, elas serão capazes de assumir o protagonismo desse movimento.” 

Portanto, é papel do profissional, sim, investir em sua educação, mas também é fundamental que a instituição dê a ele certas ferramentas para acelerar esse processo e, ainda, ofereça feedbacks construtivos para sua evolução. 

Como identificar na entrevista de emprego? 

Separei aqui algumas dicas de como podemos perceber o lifelong learning no processo seletivo. 

  • Para candidatos 

1. Pergunte sobre a cultura da empresa: através dos valores já é possível identificar, às vezes de forma sútil, como aquela instituição se posiciona quanto ao assunto. 

2. Entenda se aquela empresa oferece algum tipo de plataforma ou apoio para a educação dos colaboradores: algumas empresas oferecem auxílio para profissionais que estão estudando ou, até mesmo, oferecem plataformas de educação à distância de forma gratuita. 

3. Se possível, converse com outros funcionários: bater um papo com quem já trabalha na empresa é importante para entender como ela é, de fato. E isso também ajuda a entender sua postura em relação ao lifelong learning. 

  • Para empregadores 

1. Acredito que, para esse caso, exista uma pergunta-chave de fazer para um candidato: como você aprende? Nesse momento, ele terá liberdade de explicar sua relação com a educação e demonstrar se possui um sistema ou rotina de estudos. 

2. Esteja aberto a várias formas de aprendizado: além dos cursos, webinars, palestras, treinamentos e workshops, as pessoas também aprendem com livros, documentários, filmes/séries e experiências voluntárias. Demonstre-se aberto a entender isso e, principalmente, a questionar como ele absorve esse conteúdo. 

3. Pergunte o que o candidato aprendeu recentemente. Se ele realmente pratica a educação continuada, esse será o momento de demonstrar. 

Como colocar o lifelong learning em prática? 

Como o nome indica, a educação continuada é uma ação que deve ser incluída como um hábito em nossa rotina, já que reconhecemos que o mundo se transformou em um organismo vivo – com sua fluidez e constante movimento. 

Portanto, para finalizar esse artigo, deixo aqui algumas dicas de como aplicar o LLL em sua sua realidade, de forma duradoura. 

Tenha uma rotina de estudos 

O dia a dia de um profissional não é simples. Além de, no mínimo, 8 horas de trabalho, também existem as tarefas domésticas, cuidar da família e os momentos de lazer e descanso. Por isso, é importante ter um cronograma de estudos bem estruturado para que você não fique perdido entre tantas obrigações. 

Importante ressaltar que: você não precisa estudar muitas horas por dia todos os dias. Definir um dia específico ou separar 30 minutos algumas vezes na semana já ajuda a incorporar esse hábito de forma que não se torne um peso. 

Caso a empresa onde trabalha possua uma cultura de aprendizado, você também pode separar alguns minutos do seu horário de trabalho para se dedicar a isso. 

Tenha referências 

Para saber o que estudar, é preciso estar atento ao mercado – o que pode ser muito difícil. Por isso, é interessante ter referências de profissionais que admira e acompanha ou, até mesmo, de revistas e blogs com conteúdos relevantes e confiáveis. 

Uma dica, que inclusive foi usada para a criação desse artigo, é a Harvard Business Review. Também gosto da Você S/A, BBC e, para quem lê em inglês, a Insider. Além disso, acompanho várias pessoas no LinkedIn. 

Tudo é aprendizado 

Como mencionei anteriormente, existem diversas formas de aprender. Livros, séries e, até mesmo, uma conversa com os amigos pode trazer insights poderosos. Sempre digo que, se eu tenho uma ideia e estou conversando com alguém que tem uma ideia, teremos duas ideias – ou talvez até mais. Portanto, aproveite ao máximo essas oportunidades.  

Eu também tenho o costume de anotar os livros que leio e colocar um pouco de minhas opiniões e aprendizados de cada um. Isso maximiza a absorção daquilo que foi lido e, ainda, nos ajuda a exercitar o cérebro. 

Escolha o método mais apropriado para você, coloque as dicas em prática e siga aprendendo todos os dias! 

 

¹Automation Will Make Lifelong Learning a Necessary Part of Work

²Lifelong learning; why do we need it?

³A importância do Lifelong Learning para o aprendizado corporativo

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