A liderança, apesar de ser um conceito que ganhou muito mais força na modernidade, existe desde os primórdios da humanidade, desde os primeiros ajuntamentos que necessitavam de algum tipo de trabalho em equipe – já que isso trazia também a necessidade de delegar funções e tomar decisões.

No entanto, é claro que nem sempre os líderes agiam da melhor maneira em prol da produtividade e desenvolvimento do time. E é por isso que surge a necessidade de aplicar a liderança ágil com a sua equipe.

Chefe versus Líder 

Mesmo parecendo similares ou, até mesmo, sinônimos para algumas pessoas os termos “chefe” e “líder” possuem um sentido prático muito distinto.

O chefe é aquele que possui autoridade por conta de seu cargo hierárquico e geralmente atua por meio da intimidação e medo, usando e abusando do famoso modelo “comando e controle”. Ao passo que o líder é o profissional que conquista o respeito dos colaboradores e geralmente lidera por meio do exemplo – como diz o ditado “O discurso convence, mas o exemplo arrasta”.  

Entendemos, portanto, que a diferença entre “chefe” e “líder” está relacionada a uma postura e um modelo cultural de gestão, desta forma, vamos avaliar qual o impacto de cada uma destas posturas na gestão de equipes. 

O chefe costuma utilizar o medo como ferramenta para reforçar o seu poder de controle e autoridade. Um comportamento típico é criar uma “política” de punição por erros ou novas ideias, isso não só inibe a criatividade como faz com que o time se torne engessado e rígido, prejudicando sua evolução, já que não há espaço para tentativas, sugestões de melhorias e diálogo.

Este tipo de profissional ainda pode acabar provocando um afastamento entre os membros da equipe e, em alguns casos, até mesmo gerar uma disputa entre eles. 

Também é muito comum, por exemplo, que alguns chefes acabem cometendo algum tipo de assédio moral e/ou psicológico, fazendo constantes ameaças de demissão e desrespeitando os funcionários, gerando um clima completamente instável e pesado dentro do ambiente de trabalho.

Isso os desmotiva e prejudica não apenas os processos e a produtividade, mas também pode causar efeitos a longo prazo na equipe – como sintomas de depressão, transtorno de ansiedade e até mesmo crises de pânico. 

Algumas frases típicas que podem lhe ajudar a identificar um chefe “comando controle”:

“Aqui quem manda sou eu!” 

“Não está satisfeito? A porta da rua é serventia da casa” 

“Você não é pago para pensar, você é pago para produzir” 

“Eu estou aqui há vinte anos, você chegou agora é quer me ensinar o meu trabalho?” 

Se isso acontecer não se desespere, sempre há espaço para mudança e evolução. Existem muitos gestores bons que apenas precisam de uma atualização! 

Por outro lado, o líder incentiva o diálogo e o feedback, envolve o time na tomada de decisão e acolhe o erro – de forma que todos possam aprender e melhorar com eles. Um bom líder se importa com o bem-estar de seus colaboradores, pois entende que isso reflete diretamente nos resultados da empresa e na relação que a equipe possui entre si.

Tudo isso cria um espaço favorável ao aumento da criatividade e da motivação, tendo impacto direto no desempenho de todos. 

O mais interessante de analisarmos estes dois modelos de gestão é o fato de ser muito comum encontrarmos times com líderes que não possuem cargo hierárquico de “chefia”. Isso acontece porque mesmo havendo um “chefe”, o time tende a confiar e a seguir quase que intuitivamente uma pessoa que pode até ser um de seus pares, um formador de opinião. 

Liderança ágil versus Liderança frágil 

A gestão de pessoas através do modelo “chefe” é considerada frágil justamente pelos impactos negativos que gera na equipe, esta é uma forma de gestão em que a equipe é submetida a uma alta carga de pressão e intimidação – fragilizando a cultura de cooperação, gerando problemas de relacionamento e reduzindo o comprometimento do time com o seu propósito – o que traz como consequências prejuízos que refletem em toda a empresa. 

Já o líder tem ao seu alcance a liderança ágil, que se baseia no comprometimento do time com um propósito de valor e metodologias que incentivam o trabalho em equipe com dinamismo, flexibilidade e cooperação. Times que atuam nesse formato tendem a ser mais saudáveis e criativos – continue lendo para conhecer algumas empresas que utilizam este modelo de gestão.

Compreender isso é fundamental caso você lidere equipes mais jovens, a famosa geração Z, cujos modelos tradicionais de gestão e plano de carreira não fazem mais tanto sentido.

Quando um colaborador jovem se depara com uma cultura que não o valoriza, sua tendência é procurar por isso em outro lugar ou até mesmo, criar o seu próprio lugar (veja o nosso artigo sobre o crescimento do número de startups). É por isso que um bom líder não deve empurrar, mas sim limpar o caminho à frente para que o próprio liderado ganhe velocidade.

Dessa forma, surge a vontade de crescer junto com a empresa e de dar o melhor para garantir seu sucesso – quando um profissional cresce, toda a organização cresce com ele.  

A gestão ágil é, portanto, uma cultura de liderança que preza pelo bom relacionamento entre os indivíduos, interações saudáveis, entrega de valor e redução (não ELIMINAÇÃO) de burocracia e processos que em geral consomem nosso tempo e uma energia que poderia ser aplicada em atividades mais estratégicas e de maior valor para o negócio. 

Agora que explicamos o conceito ágil, como aplicá-lo? Existem diversas metodologias, formatos e ferramentas que incentivam um modelo de trabalho mais colaborativo e criativo, inclusive, muitas dessas ferramentas são utilizadas por grandes marcas como o Google, Nubank e Magalu, que são exemplos por terem conquistado grande espaço no mercado rapidamente e serem destaque no quesito inovação.

Em breve teremos um artigo falando somente sobre ferramentas colaborativas para utilizar com sua equipe e plantar as primeiras sementes dessa mudança. 

Equipe do Nubank em reunião criando um Matriz CSD de forma colaborativa.
Equipe do Nubank em reunião criando um Matriz CSD de forma colaborativa. Fonte: Nubank, 2019.

🕹️Dica da Move: Assista o filme “Os Estagiários”, disponível na Netflix, que retrata bem essa dinâmica. 

Existe jeito certo de começar? 

Felizmente não existe uma fórmula pronta, o que é ótimo exatamente por permitir que cada empresa e cada equipe se crie o seu melhor formato, de acordo com o cenário que enfrenta e seu modelo de negócio.

Existem é claro metodologias, técnicas e boas práticas que ajudam muito no início e que funcionam para a maioria das empresas, isso pode dar um bom norte – realizar um benchmarking, conversar com pessoas mais experientes ou contratar uma consultoria pode ajudar muito e dar mais velocidade ao processo de mudança. 

Aqui na Move nós costumamos dizer: “Confie no processo e aproveite a jornada”. É muito comum que no início, por se tratar de uma mudança cultural, ocorram atritos e até mesmo divergências de opiniões que irão criar resistência.

O importante aqui é compreender que durante essa jornada precisamos ter paciência e confiar que todos os envolvidos, mesmo os mais resistentes, no fundo querem entregar um bom trabalho.

Essa é a premissa da gestão ágil, ninguém erra de propósito, todos querem entregar um bom resultado e serem reconhecidos por isso. 

🕹️ Dica da Move: Após a publicação do manifesto ágil, em meados de 2000, surgiram diversos formatos de trabalho baseados nos seus princípios e valores. Pesquise alguns deles e veja exemplos e cases de sucesso em cenários similares ao seu. Na dúvida, comece pelos mais conhecidos: Scrum, Kanban, Lean e DEVOPS. Utilize-os, analise os resultados e faça as mudanças necessárias, de acordo com o que se encaixar melhor à sua realidade. 

Abaixo trouxemos um passo a passo que irá lhe ajudar nesse começo. 

#1 Crie um planejamento  

Antes de qualquer coisa é preciso ter clareza dos seus objetivos. Isso ajudará o líder e a equipe como um todo a desenhar a trajetória a ser percorrida, ou seja, a montar um planejamento condizente com o que se almeja. Na Move nós sempre sugerimos que seja criado um projeto piloto, assim como o MVP das startups, dessa forma é possível validar o modelo e conquistar espaço aos poucos, entregando e divulgando os resultados positivos  

Além disso, não se esqueça de capacitar seus colaboradores! Caso algum deles não tenha conhecimento técnico o suficiente sobre uma nova metodologia ou ferramenta, ajude-o a se desenvolver, ofereça suporte e cursos para que possam aprender e continuar se desenvolvendo. Lembre-se: conhecimento técnico sempre pode ser adquirido, mas habilidades interpessoais não! 

#2 Comunicação é a chave 

Elaborar um ótimo plano de ação e não o dividir com sua equipe é como um tiro no pé. Seus colaboradores precisam entender que tarefas devem realizar, quais serão as métricas analisadas e o impacto de tudo isso no objetivo (senso de propósito), além de estar em constante contato entre si – sempre trocando experiências e informações. Compartilhe as metas e objetivos para que seu time também possa lutar ao seu lado por eles. 

#3 Analise e otimize 

Para que uma gestão ágil funcione é essencial conhecer o ritmo de trabalho de sua equipe, quais são os processos envolvidos e como podem ser melhorados, seja por fatores internos ou externos. A partir dessa análise, você pode criar novos planos de ação que ajudem na otimização da produtividade e testá-los na prática.  

Coloque em prática o PDCA (Plan, Do, Check and Act), ou seja, Planejar, Fazer, Verificar e Agir. Isso ajudará todos os envolvidos a compreender melhor como as coisas funcionarão no dia a dia trará uma resposta rápida para correção de curso em caso de erros. 

#4 Recomece 

Por fim, busque novos projetos para engajar e compartilhe todos os resultados obtidos anteriormente, compartilhando as informações disponíveis. Analise novamente todo o cenário em que se encontra agora, faça as mudanças necessárias e defina novas metas e objetivos. Lembrando que o feedback do time e depoimentos sobre essa experiência podem serão de grande valia para engajar novos participantes. 

Para um bom líder e principalmente para uma empresa, é importante saber responder às mudanças. 

Estamos vivendo um “novo normal”, onde tudo foi adaptado, então por que seu plano deveria permanecer igual?

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